30 março, 2008

FILHA, fruta flor de laranjeira


"As árvores contorcem-se, dobram-se, erguem-se de novo num grande estrondo e esticam-se, como se quisessem desenraizar-se e fugir. Não, não cedem. Dor de raízes e de folhagem quebrada, feroz tenacidade vegetal não menos poderosa que a dos animais e dos homens. Se estas árvores começassem a andar, devastariam tudo o que lhes impedissem a passagem. Preferem ficar onde estão: não têm sangue nem nervos, mas seiva, e em vez da cólera ou do medo, habita-as uma obstinação silenciosa. Os animais fogem ou atacam, as árvores ficam quietas, presas no seu lugar. Paciência: heroísmo vegetal" *


Paradoxo:
Raiz com alma de andorinha,
cortada...
Cimentada?
Preferiria sair por aí,
devastando lenha-dores.
Com solo
sei
vá: circula
galho novo pró-cura
vo à
(pensa)
dores...
Torteio
cá:
vo es
cava
do ar
coração,
oras
são
de cor
agem
em brancas
nuvens,
si lá em sol Maior.
Gorjeio.







An



* Octávio Paz, in: O Macaco Gramático.
(Foto minha: raiz na USP)